sábado, 28 de novembro de 2009

Organização de folhas

A organização espacial dos alunos em folhas é algo exremamente fundamental no que se refere ao futuro de seus estudos. É fato comprovado que pessoas sem esse tipo de organização têm sérias dificuldades de perceber pequenos detalhes que se tornarão grandes diferenças em seu futuro como adulto.

Vejo diariamente diversos adultos com problemas sérios de organização com folhas. Não somente adultos comuns, mas também professores formados e atuantes.

Li há alguns dias atrás uma matéria que saiu na revista Nova Escola, que é, na realidade, uma entrevista com um estudioso que fez pesquisas em três países ( Chile, Cuba e Brasil ) na área de matemática. O que mais me chamou a atenção, entre todos os problemas citados por ele, foi a falta de preparo dos professores.

Talvez por eu ser uma observadora nata, perceba mais facilment alguns detalhes que parecem imperceptíveis a outros olhos. Um detalhe que considero importante no momento de entregar uma atividade ao meu aluno é o layout da folha. Somos seres visuais por natureza, portanto procuro não deixar passar nenhum detalhe que eu considere importante.

Todas as minhas atividades possuem margens, pois considero importante delimitar espaços vazios; sempre coloco alguns campos de preenchimento no que diz respeito ao cabeçalho - geralmente nome, escola, data e professor -; quando há mais de uma folha na atividade, anoto em letra menor o título da atividade como rodapé e nunca deixo de colocar o número da página; não entrego exercícios sem título, já que saber nomear tudo é uma habilidade necessária em tempos de tecnologia.

Convivo diariamente com pessoas que atuam na área de educação e vejo as coisas mais absurdas possíveis - de acordo com minha visão educacional no que concerne o quesito organização de folhas. Trabalhamos muito com folhas mimeografadas ainda, o que acaba gerando problemas ainda maiores de confusão no layout. Há pessoas que não deixam espaço para colocar o nome da criança e esta se sente confusa sobre onde fazê-lo; há aqueles que simplesmente copiam uma atividade qualquer relacionada ao conteúdo no scanner e imprimem na impressora matricial do jeito que está - não há uma preocupação com o cabeçalho ou com a adaptação do conteúdo à identidade da sala; me deparo ainda com aqueles que 'entulham' as folhas com várias atividades e não há a menor possibilidade de compreender o que aquilo tem a ver com a aula ou com a outra atividade ao lado.

Quando não faço folhas mimeografadas, tenho o prazer de acrescentar o objetivo da atividade proposta, pois o aluno deve ter conhecimento do que eu desejo com a folha. Muitos mal entendidos na hora de fazer a atividade podem ser evitados com esse tipo de organização. Há pessoas que acham o cúmulo ter que 'inventar' objetivos sobre determinado exercício, quando deveriam achar o cúmulo não saber nem o porquê de estar aplicando determnido exercício.

Tenho fé que, em um futuro próximo, as pessoas possam perceber a importância das atividades em folhas serem organizadas, de modo a dar exemplos positivos aos alunos e incentivá-los a se aterem mais aos detalhes. Afinal de contas, como se pode cobrar organização de um aluno que não tem exemplos de organização durante um ano inteiro de aula?

Há algumas atividades minhas no site www.recursoseb1.com. Se você preferir, uma delas pode ser encontrada diretamente no link http://www.recursoseb1.com/portal3/index.php/arquivo-de-ficheiros.html?func=select&id=33

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Jogo da Meia


Um outro produto que acabei criando há algum tempo atrás, inspirado na necessidade de trabalhar alguns conceitos matemáticos aparentemente fáceis, mas que depois se tornavam falhos, foi o Jogo da Meia.
Todos que o compram ficam muito satisfeitos, pois é um jogo multiuso, além de muito divertido. Tem como base um jogo bem conhecido: o Fecha Caixa. A diferença é que consegui acrescentar alguns outros usos além dos sugeridos no jogo inspirador.
Para o próximo ano, além da versão normal, lançarei no mercado uma 'versão light' - menor, mais prática e mais barata. Poderá ser usado em espaços menores, o que irá facilitar em muito o trabalho do professor e, consequentemente, a aprendizagem do aluno. Conceitos básicos de adição e subtração, bem como cálculo mental são aprendidos de maneira lúdica e eficaz. O jogo acompanha manual de instruções.


Conheça um pouco mais sobre meus produtos no site: http://www.arteaduas.com/

Repertório - o que acontecerá com nossa língua?

Atualmente, tenho um segunda série e esta, em particular, tem me preocupado demais no que diz respeito a alguns aspectos cognitivos que antes não apontavam problemas. Diversas vezes, me deparei com crianças perguntando o que era determinada palavra que eu usei na lição.
Imagino como será que eles interagem em casa. Será que conversam com pessoas ou ficam alienados com máquinas que procuram suprir a falta de atenção que essas crianças devem ter? Será que realmente compreendem o que acontece nos desenhos e programas que assistem na tv ou 'se ligam' apenas no contexto geral?
Quando afirmo que as crianças estão com um repertório ruim, ou seja, uma gama de vocabulário pobre, não me refiro a palavras tão complicadas que não deveriam ter sido ouvidas aqui ou acolá algum dia de suas vidas. São palavras como banguela, alpiste, enxoval, confessionário e outras mais.
Os prejuízos ao desenvolvimento desses aluno são muito grandes devido a este problema que estou apontando neste 'post'. Como primeira alternativa, eu quis incentivar os educandos a utilizar o dicionário quando tivessem dúvidas. Logo no primeiro dia que levei dicionários à sala, um aluno achou engraçado, porque 'aquele livro tinha mesmo muitas palavras'. Achei um tremendo absurdo perceber que a maioria nem tinha tido contado com dicionário. Meus alunos, apesar de serem da escola pública, fazem parte de uma comunidade de classe média e muitos pais têm empregos que provêem de ensino superior, como engenheiro, advogado, administrador e outros. Além disso, o tipo de produção de texto que eles fazem deixam muito a desejar por conta da falta de detalhes que deveria enriquecer o texto e acaba sendo inexistente.
Talvez a MODA DE ENSINAR RE-ESCRITA tenha prejudicado enormemente a capacidade de produção e a criatividade desses alunos, pois o aluno deixa de ser autor para ser um tipo de copiador - mas isso é outra história. Talvez seja mesmo a visão pobre de mundo que os leve a ter esses 'lapsos vocabulares' ou mesmo a falta de incentivo de casa.
Eu poderia citar mais de vinte hipóteses para essa pobreza de palavras que está invadindo a escola, mas o que mais me preocupa não é o fato em si, mas sim a preocupação de como sanar o fato.
Saber o que se passa seria importante para ajudar a solucionar o problema. Por outro lado, não quero ser mais uma teórica que fala sobre hipóteses e não faz nada para melhorar o ensino, apenas apresenta uma ANÁLISE PSICOLÓGICA dos fatos.
Enquanto nenhum teórico tenta explicar o praticamente inexplicável, pensarei em soluções para melhorar o praticável.
E você? Percebeu esse problema? Já conseguiu êxitos no sentido de ajudar esses alunos?

favoritos:

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Síndrome da Tesoura

A tesoura é um objeto escolar que, nos últimos anos, deveria ter sido melhor analisada. As professoras de nível pré-escolar acabam, muitas vezes, negligenciando a orientação de como usar corretamente esse objeto e as educadoras do Ensino Fundamental nem lançam olhar sobre os sinais importantes que o uso excessivo da tesoura podem trazer ao trabalho escolar.
A maior parte do tempo que leciono foi dedicada ao ensino de crianças em idade de alfabetização. Em noventa por cento das vezes que ensinei essas crianças, tive que ensinar como pegar corretamente na tesoura, pois quase sempre a criança não havia tido orientação anterior de como fazê-lo. Além de apresentarem um corte horroroso – já que não conseguem nem seguir a linha de corte – ainda possuem tão pouca coordenação motora fina, advinda também pela falta de uso correto da tesoura, que quando iniciam o traçado da letra cursiva apresentam garranchos. O uso dos objetos escolares são excelentes treinos para a aquisição de coordenação motora suficiente para diversas habilidades necessárias nos alunos. Muitos não se dão conta disso, mas é verdade totalmente ‘verdadeira’.
Além desse pequeno problema de orientação sobre o procedimento de utilização da tesoura, há ainda um outro muito mais grave, o qual acabei nomeando de ‘Síndrome da Tesoura’ por falta de nome adequado ao mesmo.
Há anos tenho notado e comentado que TODOS os alunos com problemas de aprendizagem ou resistência de registro escrito costumam permanecer durante o período de aula com a tesoura na mão. Não sei dizer o motivo deste comportamento, porém posso dizer que tenho certeza mais que absoluta que há alguma relação desse objeto com os problemas apresentados pelo aluno durante o período de aula.
Na primeira vez em que percebi, foi numa classe de sétima série, em 2.001. Havia um aluno dito superdotado, que costumava ficar sem nada fazer e permanecia o tempo inteiro de minha aula – dupla – com sua tesoura na mão. Isso aconteceu durante o ano inteiro em que fiquei com ele. Depois dessa experiência, notei que todos os alunos com algum tipo de problema tinham o mesmo comportamento. Alunos com problemas de sociabilização, alunos com déficit de atenção, alunos com atenção demais na sala, alunos que não terminavam ou não faziam suas lições e muitos outros casos sofriam do mesmíssimo mal: a Síndrome da Tesoura.
Não fiz Psicologia, mas gostaria muito de saber qual relação esses alunos têm com a tesoura, que acaba deixando-os tão seguros. Se eu tivesse mais conhecimento na área, certamente já teria feito uma melhor análise. Em um curso extensivo de consciência fonológica, uma fono me disse que a dislexia pode ser hereditária ou adquirida, por conta de hábitos familiares. Acho que a Síndrome da Tesoura pode, da mesma forma, ser adquirida e ela serve para ocultar problemas muito maiores – os alunos sem diagnóstico.
O jeito é olhar melhor para esses alunos e pensar… o que será que todos têm em comum para que uma simples tesoura seja objeto de tamanha adoração. Se você tiver notado isso em sua sala de aula e souber me responder, por favor o faça, pois há anos detecto esse problema e há anos tento decifrá-lo sem êxito.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Aventais Pedagógicos Interativos - até que enfim algo utilizável



Durante muito tempo, fiquei a vagar por lojas e feiras à procura de materiais interessantes. Um deles - como quase todos, aliás - era um avental de histórias interativo, que não fosse daquelas histórias tradicionalíssimas e que me apresentasse a possibilidade de abrir algumas partes. Desta forma, tanto eu quanto meus alunos poderíamos literalmente 'viajar' no cenário ali disponível.
O Avental Pedagógico Interativo foi um dos primeiros produtos que criei desde que decidi dedicar parte de meu dia a criar materiais úteis que eu não poderia encontrar em lugar algum. O material usado é praticamente o EVA, por ser muuuito mais chamativo e bonito do que o feltro. Todos os que criei até hoje têm partes que abrem, tanto no avental quanto na imaginação.
Cada vez mais as crianças necessitam de interatividade e os livros tradicionais não estão conseguindo dar conta dessa urgência dos alunos, já que a maioria dos livros não possui recursos suficientes para chamar a atenção dessas crianças tecnológicas. Novos recursos têm que ser criados para que consigamos chamar a atenção e instigar a imaginação, já quase perdida em muitos.
Até o presente momento, tenho por volta de trinta temas de aventais pedagógicos. Grande parte deles está presente no site de meus produtos: http://www.arteaduas.com/ Dê uma visitadinha e confira alguns modelos legais.

domingo, 1 de novembro de 2009

Prova Integrada, aula descolada... que piada!!!

Apesar de eu ter como formação superior o curso de Letras, sou totalmente contra a visão fragmentada de alguns educadores e escolas que supervalorizam as áreas de Português e Matemática.
Tive a sorte – ou o azar – de passar por diversas experiências com alunos. Já lecionei para alunos desde os três anos até os dezoito, em ensino regular; e para todas as idades em cursos de idiomas. Desta forma, carrego comigo o olhar tanto de um professor fragmentado – com licenciatura em uma matéria específica – quanto o generalizado – com magistério e atuando.
Tanto para os pequenos quanto para os grandes, a maior parte das pessoas envolvidas com educação na escola não entendem que, assim como o aluno é um ser completo, sua formação também deve ser, dentro do possível.
Durante alguns anos, fui coordenadora da área de Língua Inglesa em uma famosa rede de ensino particular. Nesse período, me sentia em outro planeta, pois a prioridade da escola sempre era o Português e a Matemática. Eles queriam investir tanto nessas áreas e deixar as outras, que acabavam deixando era de formar um bom aluno. Sempre que outras disciplinas precisavam de materiais ou mesmo espaço no quadro de horário, o que era pedido acabava sendo perdido para essas áreas de conhecimento. Quanto mais eles pediam, menos resultados surgiam. As pessoas que coordenavam a escola, infelizmente, não compreendiam a importância das aulas e História, Geografia, Arte, Inglês, Ciências etc. Não posso culpá-los, pois nosso país valoriza em excesso essas áreas.
Todos os professores deveriam ter contato com todas as disciplinas, pois só assim poderiam compreender a necessidade de cada pedacinho de conhecimento ensinado aos alunos. Tenho visto problemas absurdos de conteúdo em alunos de idade escolar, justamente advindos da falta de contato com essas outras matérias, que são praticamente ‘pinceladas’ na vida deles.
Ainda nessa rede que fui coordenadora, praticavam um tipo de avaliação que unia as disciplinas, de modo a fazer o aluno perceber a importância de ver O MUNDO INTEGRADO. Bonito, né? Eu também achava, até praticar aquilo e descobrir que era muito lindo, como muitas coisas na educação, apenas no papel. Fazer AVALIAÇÃO INTEGRADA levava a maior parte dos alunos a desistir de ler as questões, pois quem se formava naquilo mesmo eram os pobres professores. Na rotina, a importância era do Português e da Matemática e no dia da prova era uma integração – algo que nem eles sabiam direito o que era.
Diz o ditado que “quem espera sempre alcança”. Eu espero, pacientemente, o dia em que os profissionais envolvidos com educação não precisem estabelecer um quadro de horários compartimentados – assim como os conteúdos – e que valorizem a educação como um todo. Polivalentes ainda vão enxergar a importância da formação contínua nas disciplinas dadas – a maioria não se liga nisso. Licenciados em matérias específicas ainda vão conseguir enxergar algo além de seu próprio umbigo e irão trabalhar em equipe... Será?